Jorge Wemans demite-se
O jornalista Jorge Wemans pediu a demissão do cargo de director da RTP2 por discordar da nova linha de produção, tendo este sido aceite pelo conselho de administração, adiantou hoje à agência Lusa fonte oficial da RTP.
Em comunicado, o conselho de administração diz ter recebido e aceitado o pedido de demissão de Jorge Wemans e agradeceu os serviços prestados pelo jornalista no cargo que ocupava desde 2006.
“No âmbito das suas competências, o conselho de administração decidiu já solicitar parecer à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) para a nomeação de Hugo de Andrade Rodrigues, actual director da RTP1 e RTP Memória, para o exercício deste cargo em acumulação”, refere o comunicado.
Contactado pela agência Lusa, Jorge Wemans confirmou que apresentou a demissão do cargo de director da RTP2 à administração da empresa por discordar das futuras linhas de produção daquele canal enquanto serviço público de televisão.
“O que está em causa verdadeiramente é o que em termos de televisão e de serviço público, a RTP vai oferecer aos portugueses e essa é a razão do meu pedido de demissão”, disse à Lusa o jornalista Jorge Wemans.
Jorge Wemans explicou que, neste momento, “não tem razões nenhumas para crer que o serviço público que a RTP vai oferecer no futuro dê guarida ao que tem sido o essencial das linhas de produção e de emissão e programação da RTP2 nos últimos anos”.
O jornalista disse que o que está aqui em causa não é o que se pretende fazer com a RTP, mas sim com os conteúdos que vão ser oferecidos ao público e como vão ser organizados no futuro.
“Espero que os conteúdos que vão ser oferecidos ao público sejam organizados de forma a que o serviço prestado pela RTP continue a ser culturalmente relevante, capaz de dialogar com a sociedade portuguesa e importante para a formação dos jovens”, afirmou, realçando também o papel de todo o “conjunto de actores e criadores culturais que a RTP acolhia e estimulava e com quem tinha uma relação muito próxima, principalmente na área de produção de documentários”.
Jorge Wemans lembrou a agenda e o debate cultural da RTP2, a ficção estrangeira de qualidade, a produção nacional de documentários e curtas, os programas infantis e a produção nacional para os mais novos.
“Como acho que estes diversos aspectos é que tornam o serviço público de televisão culturalmente relevante, considero que neste momento os meus contributos para o futuro da RTP2 e da sua programação não estão a ser suficientemente acolhidos e, por isso, não me parece que faça sentido continuar a dirigir a RTP2”, concluiu.
Jorge Wemans foi para a RTP2 em 2006, substituindo na direcção do canal Manuel Falcão, que tinha pedido demissão devido às alterações previstas para o projecto da estação.
Diplomado pela Escola Superior de Jornalismo de Paris, Jorge Wemans foi subdirector do semanário Expresso, esteve ligado à fundação do jornal Público, no qual foi director adjunto, e foi director de Informação da agência Lusa.