HOMENAGEM: Artur Agostinho, jornalista, recebeu ontem, de Cavaco Silva, a Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Artur Agostinho, jornalista, recebeu ontem, de Cavaco Silva, a Comenda da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.
Correio da Manhã – Em 72 anos de carreira, ficou alguma coisa por fazer?
Artur Agostinho – Fica sempre muita coisa por fazer. Fazemos o possível por fazer quase tudo, mas não conseguimos. Fiz jornalismo, publicidade, escrevo, fiz cinema, novela, representei no teatro radiofónico, fiz televisão, desporto, viajei pelo mundo inteiro, e acho que já é o suficiente. Podem ficar algumas coisas para de vez em quando ter pena de não as ter feito.
– Esteve rodeado de amigos...
–Sim, encontrei aqui muita gente que faz parte da minha família da comunicação social, e não só. Até os rapazes do futebol dos meus tempos vieram. Dirigentes, jornalistas, publicitários, actores, cantores, artistas... Senti-me perfeitamente à vontade no meio de uma família que estimo muito e a que espero continuar a pertencer.
– Quais os próximos projectos?
– Nunca fiz projectos, espero sempre que eles venham ter comigo, porque no princípio da carreira, quando os fiz, falharam. Mas o próximo já está na tipografia, é um livro que vou publicar no princípio de 2011, prefaciado pelo Marcelo Rebelo de Sousa e chama-se ‘Flashback’.
– Um livro de memórias?
– Sim, mas tudo episódios retirados da vida real, nada de ficção.
– É bom quando estas homenagens são gozadas em vida?
– Sim, as homenagens devem ser feitas em vida, porque depois de morto já não podemos usufruir da alegria de ser homenageado. Esta tem um significado especial, sobretudo por ter sido recebida das mãos do Presidente da República.
– Cavaco diz que "não guardou rancores" ao longo da carreira. Qual é o segredo?
– Não há segredo. É natural, e nasceu comigo. Reajo muito às injustiças no momento, e depois vou procurando curá-las e cicatrizá-las. Há só uma coisa que digo às pessoas que me causam essas feridas: não pensem que esqueço, porque jamais esquecerei.
CAVACO EMOCIONA ARTUR AGOSTINHO
"Felicidade, emoção, alegria, todas as coisas boas da vida me aconteceram hoje [ontem], incluindo a entrega da comenda", disse o jornalista sobre a homenagem, que alcançou aos 90 anos e após 72 de carreira.
Artur Agostinho, que disse ao CM estar a preparar o lançamento de um livro de memórias no início do próximo ano, foi acompanhado pela família e por muitos amigos das várias áreas onde trabalhou, como a comunicação social, a representação e o desporto e onde se incluíam Eusébio, José Eduardo Bettencourt, Simone de Oliveira, Ruy de Carvalho e António Sala.
Uma família que o Presidente da República estendeu a todos os portugueses. "Artur Agostinho entrava pela casa dentro sem ser convidado, mas era recebido como parte da família", recordou. Cavaco Silva realçou ainda o "profissionalismo" de um homem "sério e de carácter que nunca se armou em vedeta e foi sempre o que queria ser: genuíno" e que "nunca guardou rancores".