Modelo está numa ala com fortes medidas de segurança. É vigiado por guardas armados, só recebe visitas em dias estipulados e redes de telemóvel são cortadas por dispositivos especiais.
As visitas são condicionadas. Os reclusos vestem farda cor-de-laranja, estão algemados à cintura e as redes de telemóvel não funcionam. É neste ambiente que Renato Seabra aguarda pelos desenvolvimentos do processo judicial que ditará o seu futuro.
Apesar de integrada num edifício hospitalar, a ala prisional do Bellevue Hospital Center onde o modelo continua detido é em tudo igual a uma convencional prisão norte-americana, com fortes sistemas de segurança. O único acesso às celas, onde está o autor confesso do homicídio de Carlos Castro, é controlado por portas automáticas de grades brancas que os guardas prisionais abrem ou fecham a partir de uma pequena sala de vigilância protegida com vidros à prova de bala.
Os corredores da ala prisional e a sala de espera são vigiados por vários guardas armados que circulam pelo piso e por câmaras de vigilância escondidas por uma protecção espelhada, conforme o CM constatou no sábado. À vez, um guarda armado chama as visitas para que se identifiquem através da apresentação de um documento e questiona sobre a sua relação com o detido.
Os visitantes têm que depositar todos os seus pertences. Casacos, relógios, cintos e mesmo brincos não são permitidos para além da porta de grades que deixa antever o corredor das celas onde Renato está detido. Se o recluso, entretanto contactado para lhe ser anunciada a visita, a aceitar, os visitantes são revistados com recurso aos detectores de metais manuais e também automáticos.
Todas as visitas são acompanhadas por um agente do Departamento de Correcção e têm que aguardar o fecho de uma primeira porta automática para que a segunda seja aberta. Os próprios guardas prisionais têm, por motivos de segurança, que depositar as suas armas de serviço antes de entrarem nos corredores carcerários.
Os detidos que saem ou entram da ala prisional são conduzidos por dois agentes armados que os entregam à custódia dos guardas prisionais dentro do corredor. Fora da ala, estão algemados à cintura e vestem uma farda cor-de-laranja.
A ala ‘Nineteen West’, assim conhecida por estar no 19º andar Oeste do edifício mais alto do Bellevue Hospital, é inteiramente dedicada a detidos com problemas de saúde psiquiátricos e clínicos. Neste piso, onde as redes de telemóvel são cortadas através de dispositivos especiais, funcionam salas de tribunais onde os reclusos podem ser ouvidos por um juiz. Fonte hospitalar explica que há dois tipos de celas naquela ala prisional – solitárias e colectivas.
Renato pode receber apenas uma visita nos dias estipulados e tem o direito de escolher se quer receber determinado visitante ou não.
TIO APELA A BARACK OBAMA
A família de Renato Seabra, autor confesso do homicídio do cronista Carlos Castro, está disposta a recorrer a todos os meios para ajudar o modelo no processo judicial que tem pela frente – que se prevê moroso e muito dispendioso. Ontem, o tio materno, Heleno Pereirinha, de 46 anos, colocou no Facebook um pedido de ajuda aos presidentes de Portugal e dos Estados Unidos da América. "Mr. Barack Obama, sua exª Sr. Presidente da República Cavaco Silva, sr. Primeiro-Ministro, peço encarecidamente para verem a situação do Renato", escreveu Heleno Pereirinha, que está "muito desejoso" em visitar o sobrinho na cela do hospital onde continua internado.
Para os próximos dias está prevista a divulgação de várias iniciativas de uma associação de amigos de Renato, destinadas a recolher fundos para ajudar a custear as despesas judiciais, nos Estados Unidos da América. Heleno Pereirinha sugeriu ontem no Facebook que alguém escreva uma texto, "aprovado pela família", para ser enviado para jornais americanos, consulado português e associações das comunidades portuguesas "explicando quem era CC (Carlos Castro), quem era o Renato e apelando a todos para que seja feita justiça tendo em conta a história de ambos". O tio do modelo apela ainda a todos "os que eventualmente foram abusados pelo CC, seja física ou psicologicamente, para que se juntem na defesa do Renato".
Entretanto, a família continua a procurar formas de financiamento para a defesa de Renato Seabra. Uma das primeiras medidas de Odília Pereirinha foi colocar à venda a casa, em Cantanhede. O CM sabe que já há algumas pessoas interessadas na compra do imóvel mas o negócio "está longe" de se concretizar. Odília pondera também vender o carro e algum património de que é co-proprietária em Canas de Senhorim. O irmão, Heleno Pereirinha, já se manifestou disponível para a ajudar com a venda de um apartamento naquela localidade do concelho de Nelas, um imóvel propriedade da família.
FAMÍLIA JUNTA-SE NA FIGUEIRA DA FOZ
A família de Renato Seabra juntou-se pela primeira vez depois da tragédia ocorrida no Hotel InterContinental de Nova Iorque, no sábado à tarde, na cidade da Figueira da Foz. Segundo o CM apurou, Odília Pereirinha, a filha Joana, o genro José Malta, o irmão Heleno e a mãe Rosa juntaram-se naquela cidade do Centro do País num ambiente de grande emoção e consternação. Odília Pereirinha e a mãe Rosa Freire, de 76 anos e que se encontra doente, estiveram abraçadas a chorar durante vários minutos e no fim a filha garantiu que irá "fazer tudo" para ajudar o Renato. A família foi abordada na rua por diversas pessoas, que lhe demonstraram "estar a apoiar o Renato" e depois foram todos à missa vespertina. "Estamos unidos", garante Heleno Pereirinha.
TENTATIVA DE BURLA NA NET
Os pedidos de ajuda lançados pela família do modelo estão a ser aproveitados por burlões, através de campanhas de angariação de fundos falsas na internet. No Facebook, na página Ajuda Renato Seabra, surge o NIB de uma conta que os familiares e amigos do jovem não sabem a quem pertence. "O NIB só é válido quando a família o divulgar. Até aí, tudo o que andar a circular é falso", diz José Malta, cunhado de Renato.