Amigos e admiradores no adeus a António Feio
Família e amigos estiveram ontem no Palácio das Galveias, em Lisboa, a homenagear o actor e encenador. Funeral é hoje, pelas 16 horas, para o Cemitério dos Olivais.
Apesar da doença que o assolava há mais de um ano, mesmo nas últimas semanas de vida, António Feio não deixou de ter um olhar crítico sobre a sociedade, como demonstra a sua última mensagem na sua página do Facebook, no dia 17: "Esqueçam a minha doença! Parem para pensar! Eu sou português, agora já sou Comendador, mesmo que não fosse (LOL), devo, gostava e devia de-fender a imagem de Portugal tanto cá como no mundo... mas não consigo! Será que não há ninguém que saiba gerir este País com seriedade, competência, rigor financeiro, justiça e respeito por todos nós?"
E foram muitos os milhares de pessoas que nos últimos meses deixaram mensagens de apoio ao actor no Facebook e tantos mais os que lhe prestaram homenagem ontem, após noticiada a sua morte. Circulava mesmo, por sms, a mensagem: "Pessoal, vamos fazer uma homenagem ao grande actor, grande comediante, grande homem e grande pessoa, António Feio, que perdeu a vida. Vamos fazer uma corrente, adiciona uma estrela e passa a mensagem."
Apesar da dor, as palavras que ontem se diziam pareciam reflectir a maneira de ser do actor. "Estou feliz que ele finalmente descanse, que ele merece descansar depois desta luta sem nome. O que me entristece, para além disso, é saber que ainda havia tanta coisa para fazermos juntos", disse Maria Rueff ontem, no Palácio Galveias, onde o actor era velado.
Ao final tarde, foram muitos os que se deslocaram até ali. A fadista Mariza, Ruy de Carvalho, Vítor Espadinha, Bruno Nogueira, Miguel Guilherme ou Virgílio Castelo foram alguns dos que compareceram também nesta homenagem. Virgílio Castelo disse aos jornalistas que se iria recordar sempre de António Feio "pela sua grandeza e simplicidade", depois de ter confessado como "a ideia do António já não estar aqui, que é obviamente uma realidade, ainda parece um bocadinho distante".
A vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, esteve também presente, e foi entregue uma coroa de flores em nome do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa.
António Feio, que sofria de um cancro no pâncreas, morreu às 23.40 de quinta- -feira, na Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital da Luz. O funeral realiza-se hoje, pelas 16.00, e parte do Palácio Galveias para o Cemitério dos Olivais, em Lisboa.
A sua importância e relevância para o teatro nacional foi reconhecida pelo Presidente da República, que no Dia Mundial do Teatro o homenageou, e agora, na sua mensagem de condolências, destacou "a forma como influenciou as novas gerações de actores" e como "se transformou numa figura incontornável do teatro, cinema e televisão em Portugal".
Mesmo depois de lhe ter sido diagnosticada a doença e de ter feito vários tratamentos de quimio e radioterapia, não parou de trabalhar. Ainda em Maio estreou-se no Porto a peça Homens de Escabeche, da qual foi encenador, a convite da companhia Seiva Trupe.
O trabalho era também "uma válvula de escape", disse em entrevista à Antena 1. Foi aos 11 anos que pisou pela primeira vez um palco de teatro e até ao fim afirmou: "É o que gosto de fazer, não sei fazer mais nada."