Correio da Manhã Séries também fazem moda em Portugal
Autores e actores mostram-se mais motivados para participar em séries do que em novelas. TVI e SIC preparam-se para estrear formatos mais curtos e mais aliciantes.
A TVI e a SIC preparam-se para lançar, em 2010, um conjunto de séries que representam a nova aposta das televisões na ficção nacional. A estação de Queluz estreou recentemente ‘Ele é Ela’ e prepara mais três séries que irão para o ar em breve. Uma delas é ‘37’, um policial de seis episódios, da autoria de Rui Vilhena, protagonizado por Sofia Alves e Pedro Granger. A SIC também já apresentou a sua aposta para o próximo ano: a série juvenil ‘Lua Vermelha’. As novelas, que sempre tiveram um lugar na história da TV portuguesa, começam a ser preteridas por este formato mais aliciante. “Na América havia, nos anos 70, cerca de 18 novelas no ar. Agora são só cinco ou seis, não podemos estar alheios a isso”, nota Rui Vilhena.
As séries são, também, um género preferido pelo público, actores e autores. Embora exijam, durante um curto período de tempo, um grande esforço, a verdade é que os intérpretes sentem-se mais motivados pois têm definido o seu tempo de trabalho e conhecem o desenrolar da acção. “Uma novela implica um desgaste brutal, e não só físico. É muito complicado ter uma história homogénea, pois a novela começa por funcionar para 120 episódios e de repente pedem mais 50 e já não sabemos como é a personagem. Numa série é mais fácil, e a qualidade também é fundamental”. Frederico Ferreira de Almeida, presidente da Associação das Produtoras Independentes, considera que “as séries são uma alternativa às novelas” e entende que se assiste a um ciclo e que “há dez anos se produziam mais séries”. André Cerqueira, director-geral da Plural, vai mais longe: “Há dez anos que defendo que não devemos comprar formatos. Sempre disse que tínhamos de apostar nos autores e actores portugueses.”
“Cada vez se vai apostar mais nas séries. É a morte anunciada das novelas, e não podemos estar alheios a isso”, considera o autor Rui Vilhena. “As novelas continuam a ser um grande investimento, mas por vezes a história prolonga-se por demasiado tempo. Com o estilo de vida que temos, procuramos histórias que se desenvolvam mais depressa”, diz. Rui Vilhena admite ainda que “há uma maior predisposição do público, dos actores e dos autores para as séries, pois não obrigam a traba-lhar um ano num mesmo projecto, como acontece nas novelas”.
A actriz Patrícia André, também do elenco de ‘37’, defende ser “necessário reproduzir séries. Numa série as pessoas ficam mais presas. Quando há mistério, quando acontece algo empolgante, isso agarra o público”, remata. Este é um factor atractivo também apontado pelos produtores, que acreditam que o ‘problema’ das novelas é a ‘never ending story’ (história sem fim), enquanto numa série em cada episódio se fecha um tema. O que permite agarrar públicos diferentes, ao contrário das novelas, que atraem todos os públicos. “Normalmente, as televisões escolhem séries de acordo com o seu público, em função da sua audiência. Por exemplo, ‘Camilo, o presidente’ é universal, bate todos os targets”, diz Frederico Ferreira de Almeida. *com T.O.